Por Cacilda Amorim - Atualizado 05/02/2022 - Publicado 13/08/2012

Por Cacilda Amorim

Atualizado 05/02/2022 - Publicado 13/08/2012

TDAH em adultos não é invenção, existe mesmo. A pessoa adulta é muito exigida: precisa assumir compromissos, conviver com outras pessoas e dar conta de exigências e pressões. E quando não consegue dar conta, por muitos atrasos, bagunça interminável, promessas não cumpridas, adiamentos crônicos, distrações constantes e esquecimentos, é necessário investigar o que está acontecendo. Pode ser um caso de TDAH Adulto.

SETE sintomas principais do TDAH Adulto

TDAH Déficit de Atenção em Adultos

Sem dúvida, TDAH não é um problema exclusivo das crianças. Se bem que, até 10 ou 15 anos atrás, vários profissionais de saúde ainda tivessem uma concepção muito restrita do problema, por isto pensando ser um problema apenas de criança. Já atualmente, pelo contrário, já se tem um entendimento bem mais avançado. Hoje, ninguém duvida da realidade do TDAH Adulto.

Conforme os anos passam, as responsabilidades e cobranças aumentam. O adulto se vê numa situação parecida com o “malabares” no farol de trânsito – várias bolas ao ar, todas ao mesmo tempo, a loucura de não poder deixar nenhuma delas cair… família, contas a pagar, pressões no trabalho, morar sozinho, ter ou não ter filhos, faculdade, pós-graduação ou concurso público… 

Neste cenário, como se manter calmo, organizado e focado? Você pode até ter pensado: “Ora, todos passam por isto” Sim, é verdade. Mas, para quem tem TDAH adulto, dar conta de tanta coisa ao mesmo tempo é praticamente impossível. Em adultos, as manifestações do TDAH são tanto diferentes da forma infantil – além disto, a combinação dos sintomas varia muito de pessoa para pessoa. Confira os SETE SINTOMAS principais.

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    Distração e dificuldade em manter o foco

Esta é a queixa mais comum do TDAH Adulto – não conseguir permanecer focado, especialmente nas tarefas mais simples e cotidianas. 

Justamente pelo fato de falharem com as coisas mais triviais, aparentemente mais simples e fáceis, as queixas e críticas das pessoas ao redor se avolumam. Afinal, como explicar que alguém tão capaz com tantas coisas, se enrole no que é mais simples? Ao mesmo tempo em que a autoestima e auto-confiança vão sendo progressivamente corroídas.

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    Desorganização e falta de planejamento

Eu chamo essa combinação de CAMINHO PARA O CAOS. Desorganização é um problema típico de adultos, assim como a falta de planejamento.

Foi-se o tempo em que os adultos faziam as coisas para você. Quando a cobrança era menor. Agora, pelo contrário. Com adultos, tudo é mais complexo – a começar pela própria vida. São as rotinas diárias, os cuidados com a casa, saúde, até mesmo com o carro ou com a bicicleta; contas a pagar, compromissos de estudo e trabalho, demandas da família, amigos com quem se precisa manter contato, para não mencionar o networking profissional.

De fato, manter todas as coisas em ordem, escapando de ser tragado pela montanha de coisas que se acumulam… é por demais desafiador. A desorganização tem suas origens no substrato biológico do TDAH – as chamadas DISFUNÇÕES EXECUTIVAS.

Por isso tanta dificuldade em selecionar quais as ações relevantes para a situação atual, definir quais as prioridades dentre tudo o que espera para ser feito. Bem como dar seguimento nas ações e controlá-las passo-a-passo, equilibrando o tempo disponível com as demandas em aberto.

Apenas não se engane dizendo “Ora, eu planejo até bem demais… meu problema é realizar. Realmente, escute este conselho e acabe de vez com o auto-engano. Uma das características mais típicas do TDAH Adulto é achar que planeja bem. Na verdade, há muita vontade, milhares de idéias, projetos maravilhosos… que não conseguem deixar a fase do “projeto” ou, também por problemas com o planejamento no médio e longo prazo, simplesmente se perdem pelo caminho.

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    Adiamentos Crônicos

Na minha prática profissional, este é uma das manifestações mais devastadoras para adultos (a outra é a dificuldade em manter os níveis de motivação e a repulsa por atividades potencialmente não-estimulantes).

Embora tenha suas raízes no TDAH, o adiamento crônico se estende muito além de um simples déficit neurobiológico. Portanto, torna-se uma das queixas mais desafiadoras no tratamento. O efeito dos remédios psicoestimulantes na melhora do adiamento crônico, quando existe, é limitado apenas aos primeiros tempos de uso, quando a energização geral do organismo é mais intensa.

O adiamento crônico é, para mim, a melhor expressão do TDAH como um transtorno neuro-psico-comportamental. Ela tem relação direta com hábitos disfuncionais de adiamento, que se consolidaram ao longo dos anos, em conjunto com dificuldade de enfrentamento e manutenção do esforço em atividades que induzem esquiva (escapar, deixar para depois). Além disto, somam-se as distorções cognitivas de auto-engano (depois eu faço, vai dar tempo). 

É um desafio enorme. Apesar do tamanho, não pode deixar de ser enfrentado. Nos casos de procrastinação muito intensa (é o nome técnico para adiamento crônico), é muito necessário incluir Psicoterapia Comportamental no tratamento. Do contrário, raramente se alcançarão os resultados esperados.

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    Dependência por atividades intrinsecamente estimulantes

Esta é outra manifestação da falta de foco, menos pela distração (neste caso) e mais pela tendência a perder a motivação. Para mim, este é o segundo dos dois problemas mais sérios para adultos – em primeiro lugar fica o adiamento crônico.

Isto porque o TDAH tem, entre suas origens, alterações nos sistemas de recompensa cerebrais. Atividades que tenham componentes repetitivos ou pouco estimulantes rapidamente se tornam intoleráveis. Como resultado, reinicia a busca por maior estimulação, em especial naqueles adultos mais agitados e impulsivos.

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    Hiperfoco

O hiperfoco é uma das facetas menos compreendidas do TDAH adulto. Apresenta-se como uma concentração excessiva, muitas vezes desproporcional à relevância do fato e inadequada diante das circunstâncias.

Pois, para quem está de fora, parece egoísmo e falta de respeito. Tudo porque o hiperfoco somente acontece com coisas que são intrinsecamente interessantes e motivadoras para a pessoa – aquelas altamente estimulantes.

Olhando de fora, parece que a pessoa é “viciada”, tamanha a fissura – pode ser um seriado de TV, redes sociais ou até mesmo escrever programas de computador (já aconteceu com vários pacientes meus, programadores de software). Para as pessoas ao redor, especialmente esposas ou mães, o hiperfoco é encarado como “egoísmo” ou preguiça para as coisas mais “nobres”, como dedicar-se à família ou fazer a lição de casa (que sempre é chata). 

Só por uma questão de justiça, o hiperfoco tem uma outra forma de manifestação. Quer dizer, não apenas aparece com “coisas boas”. A ruminação – aquela experiência chata de ficar com algum pensamento obsessivo na cabeça indo e voltando, incomodando por logo tempo, é também um exemplo de hiperfoco.

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    Agitação Física e Mental

A hiperatividade física tão característica das formas infantis do TDAH, normalmente desaparece ou pelo menos diminui bastante nos casos de TDAH adulto. Esse é um dos motivos pelos quais muitos adultos imagina que jamais poderiam ter TDAH – até comentam: “ah, quando criança eu era bem agitado, mas agora não sou mais…”

A agitação também pode ser manifestar, nos casos típicos de sintomas hiperativo-impulsivos, em níveis bem elevados de energia. São estas as pessoas super ativas, que não conseguem ficar paradas. Que tão pouco suportam atividades paradas, chatas, não-estimulantes.

Há casos de agitação pode ser exclusivamente mental, com idéias desordenadas se sucedendo constantemente. Eventualmente, pode sim existir um grau de inquietude – não conseguir ficar parado, precisar levantar. Contudo, a inquietude física é maior justamente nas situações menos estimulantes, especialmente quando a precisa fazer algo pensa “não vou aguentar”. Apenas para exemplificar, parar para ler um livro, assistir uma palestra chata, fazer uma planilha.

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    Impulsividade e Turbulências Emocionais

Esta categoria de sintomas normalmente é mais comum nos adultos mais extrovertidos e agitados. Ou então pessoas já mais reativas emocionalmente, eventualmente que já sofram de ansiedade. A essência da impulsividade e falta de auto-controle é a não-inibição, ausência de filtro, quanto aos comportamentos, comentários e atitudes. A intolerância a esperar, a pouca paciência, é outra das manifestações.

Como resultado, a impulsividade grande parte das vezes ocasiona um desajuste social. Assim é a aquela pessoa que não consegue ficar calada na hora certa, às vezes a “super-sincera”. Ou então que faz as coisas sem pensar apenas para poucos segundos depois se arrepender. Que pode se tornar inconveniente, interrompendo os outros, fazendo comentários desnecessários.

Alguns dos adultos com TDAH tem, simultaneamente, alterações de humor que tornam complicado lidar bem com seus sentimentos, especialmente irritação, raiva, agressividade e frustrações. Justamente devido ao pobre auto-controle dos impulsos, ocorrem tais explosões de temperamento. Eventuais consequências sequer passam pela consciência antes do ato, portanto tornam menos provável o auto-controle. 

TDAH Adulto – E agora, o que fazer?

Se você leu este artigo até este ponto, já deu o primeiro passo. O entendimento sobre o que é o TDAH – especialmente o Déficit de Atenção sem Hiperatividade garante a você a compreensão básica sobre a origem das suas dificuldades, iluminando os caminhos a serem seguidos.

Com o suporte adequado, dos tratamentos disponíveis e estratégias que você certamente irá aprender, poderá fazer mudanças verdadeiras em sua vida.

Apesar de não se poder falar em “cura do TDAH”, é possível manejar os sintomas, de formas inclusive divertidas e criativas. Eu sempre ressalto às pessoas que me escolhem para fazer parte desta aventura de superação: Construir sua estória baseado em suas forças, tirando vantagem de seus talentos.

Se ainda não teve um diagnóstico formal, ou se já tentou tratamentos com ganhos insuficientes, é o momento de buscar um diagnóstico diferencial de excelência. O TDAH é tudo, menos um transtorno simples. As comorbidades – presença de mais de um transtorno são bem frequentes – mais a regra que a exceção. As mais comuns são a ansiedade, depressão, perfeccionismo, stress crônico e esgotamento – também conhecido como Síndrome de Burnout. 

Há muito a fazer, inclusive por conta própria. Nem todos os casos demandam tratamentos externos, sequer químicos. Ou seja, dá para tratar com ou sem medicação. Mas não deixe de conversar com um especialista, pelo menos para uma boa análise de quais seriam os melhores caminhos para você.

Adultos com TDAH podem ganhar muito a partir de diversas linhas de tratamento, incluindo Coaching Comportamental, Psicoterapia Comportamental-Cognitiva, Ginástica Cerebral – Brain Fitness e Estimulação Cerebral – Brain Entrainment, grupos e treinamentos de auto-ajuda, orientação vocacional, suplementação nutricional ou até mesmo uso de medicamentos.

Acabei de descobrir sobre o TDAH

Se você está descobrindo o TDAH agora, se teve identificação com os sintomas ou já faz tratamento, há boa chance que você tenha passado anos até entender o que acontecia de fato. Além disso, pode ter experimentado grande sensação de alívio ao saber que suas dificuldades são devidas a um problema que tem nome, que pode ser tratado. Mas também por descobrir que não se trata de um defeito de caráter, uma falha pessoal ou uma incapacidade que não tem solução. 

Antes de mais nada, tenha em mente que o TDAH adulto é um transtorno potencialmente manejável. Independente de quanto sofrimento e transtornos possa ter causado no passado. Conforme for adquirindo um maior entendimento do que acontece (chamada de psico-educação), sua compreensão ficará mais e mais clara. Além disso, poderá contar com apoio profissional, ter maior aceitação por parte das pessoas importantes da sua vida. E, como não poderia deixar de ser, conseguir somar pitadas de humor e leveza. Em resumo, é totalmente possível viver com qualidade e satisfação. Nunca é tarde para mudar, buscar uma vida melhor.

Será que tenho desde a infância (e nunca foi diagnosticado?)

Mesmo que o adulto com TDAH não tenha sido diagnosticado e tratado na infância, bem provavelmente não escapou das críticas e dos rótulos depreciativos. Seja por por parte da família, da escola ou dos colegas. O bullying sempre existiu. Exceto pela mudança de nome nos tempos modernos. Felizmente, agora não é mais encarado como simples “bobagem de criança”.

Dumbinho, burro, vagabundo. Lenta, folgada. Encostado, encrenqueiro… todas estas brincadeiras sem graça são agressões. Como resultado, podem ter deixado marcar profundas na auto-imagem, fantasmas que repercutem por muitos e muitos anos. 

Certamente há casos em que fatores de proteção colaboraram, amenizando ou mascarando os sintomas. Dessa forma, com a proteção de professores atenciosos, dos pais ajudando com as tarefas ou até mesmo de escolas pouco exigentes, a criança foi se virando, sem grandes problemas. Porém, com as demandas mais intensas da idade adulta, não dá mais para fugir. Nesta situação, muitos adultos começam a se perguntar: o que pode estar acontecendo comigo? É também neste momento que tantos encontram as respostas tão procuradas.

SOBRE A AUTORA

Psicoterapeuta e Coach Comportamental
Diretora do IPDA – Instituto Paulista de Déficit de Atenção

CRP 06/61710

É POSSÍVEL SUPERAR

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