Por Cacilda Amorim - Atualizado 13/01/2023 - Publicado 27/12/2004

Por Cacilda Amorim

Atualizado 13/01/2023 - Publicado 27/12/2004

Tem cura ou não? Vou precisar “tratar para sempre”? São perguntas frequentes dos pacientes, quando procuram avaliação ou suspeitam que “estão” com TDAH – Déficit de Atenção. Devido a uma vida de tantas dificuldades, o que se quer mesmo é uma solução permanente. Mas, hoje em dia ninguém mais suspeita de algo e fica “parado”. A primeira coisa a fazer é… pesquisar no Google! Só que… são muitas pessoas dizendo que “não tem cura”. E agora? Inquestionável. Sim, a ideia do déficit não ter cura, ser permanente causa desconforto.

TDAH não é doença e também não tem cura

TDAH tem cura

Ao conhecer sobre TDAH, a primeira reação costuma ser de entusiasmo, alívio por ter encontrado respostas. Enfim sei qual meu problema! Entretanto, logo em seguida… bate uma angústia diante de tudo o que se descobre não saber (ainda). Diante do fato que… não tem cura, que vai te acompanhar pelo resto da vida.

TDAH não é considerado uma doença, por este motivo ninguém pode dizer “TDAH tem cura”. Bastante atenção para este ponto. Pois você irá encontrar este conceito – que “TDAH é uma doença” em vários sites da internet. Também encontrará outros, que irão prometer “a cura”.

Somente doenças podem ter cura. Uma doença é um estado do corpo, causado por uma situação ou agente específico, que pode ser eliminado para que se retorne ao estado inicial. No caso do TDAH, é diferente. Essencialmente, trata-se de uma SÍNDROME – um conjunto de sintomas, com causas múltiplas, incluindo fatores neurobiológicos, pessoais e ambientais.

TDAH não tem cura, pois é algo que faz parte da pessoa e que acompanhará por toda a vida. Contudo, não quer dizer que ela terá prejuízos permanentes. Isto significa que, mesmo não tendo cura, o TDAH é uma síndrome que pode ser bem manejada. Neste sentido, escolhendo tratamentos que tragam efeitos de longo prazo, é possível ter excelente qualidade de vida. Preferencialmente, conseguindo manter uma dosagem mínima de medicação ou até mesmo dispensando seu uso.

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Usar remédios para sempre?

Verdade seja dita, o que interessa realmente às pessoas (portadores adultos ou pais) é: como irei lidar com os sintomas, como irei tratar. Igualmente, perguntam: por quanto tempo o tratamento será necessário. Acima de tudo, se precisarei usar drogas psicotrópicas por longos períodos.

Grande parte deste mal-estar com “não ter cura” vem da imensa divulgação de uma das formas de tratamento do TDAH, que é uso de medicação psicoestimulante. Como se fosse o único tratamento existente. Muitos até afirmam, de maneira trivial, que usar medicação psicotrópica, os famosos “tarja preta”, é completamente normal. Dando a entender que não faz diferença precisar do remédio “para sempre”. 

Basta checar declarações em sites da internet, feitas inclusive por profissionais conhecidos, até mesmo pesquisadores respeitados. Extremamente comuns são as comparações, do meu ponto de vista totalmente desproporcionais, entre tomar remédios para diabetes “para o resto da vida” e usar tarja preta para TDAH. Como se fosse algo totalmente “normal”.

Com base nos meus próprios pacientes, ninguém aceita tranquilamente “não ter cura”. Nem acha “tudo bem” da suposta necessidade de seguir usando remédios psiquiátricos por prazo indeterminado. A recusa é ainda maior por parte dos pais, que com toda a razão encaram o presente sem deixar de lado suas perspectivas futuras. 

Alguns tipos de tratamento são “para sempre” – por que optar por eles?

A depender do tratamento escolhido, será necessário manter por menos ou mais tempo –talvez até permanentemente. Quando o tratamento é exclusivamente baseado no controle químico dos sintomas através do uso da medicação, de fato será preciso tratar para sempre. Ou seja, neste aspecto os médicos estão certos. Quem faz tratamento apenas com uso de remédios, provavelmente terá de mantê-los indefinidamente.

O efeito da medicação psicoestimulante, que é a opção mais comum para o TDAH é provisório, permanecendo apenas pelo tempo que a substância estiver no organismo. Tal fato é bem conhecido. No caso da Ritalina 10mg, dura em torno de 4 horas. Prescrições de longa duração podem durar entre 6 e 12 horas no máximo, como ocorre com a Ritalina LA, Concerta e Venvanse. Portanto, quando o efeito do remédio acaba, todos os sintomas retornam. 

Neste cenário, não há expectativas que se possa deixar o medicamento. Justamente por isto, por esta razão, pessoas tem objeções em usar remédios. Porque há o desejo de libertar-se, a si ou a seus filhos, de um tratamento com droga psicotrópica sem prazo para terminar.

Felizmente, tratamentos integrativos e multi-modais, que combinam terapias não medicamentosas com mudanças no estilo de vida, atividade física, sono de qualidade, alimentação saudável e suplementação nutricional trazem ganhos de longo prazo, que podem permitir reduzir a dosagem da medicação ou até mesmo dispensá-la. 

Cérebro, neuroplasticidade, fatores de risco e de proteção

O TDAH tem relação direta com o funcionamento de uma parte especial do corpo – o cérebro. Diversos estudos já encontraram correlações entre alterações no funcionamento de algumas áreas do cérebro e este transtorno, principalmente a lentificação dos lobos pré-frontais. Igualmente, já se tem segurança sobre ser este um transtorno que corre em famílias, fato indicativo de hereditariedade. Por este motivo não se pode falar “Tdah tem cura”. É algo que veio ao mundo com a pessoa.

Apesar de tais achados, todos relacionados ao substrato orgânico cerebral e à mecanismos de hereditariedade, não se pode dizer que o TDAH tenha uma causa única. Sequer, que seja exclusivamente limitada ao funcionamento cerebral ou à hereditariedade.

Durante toda a vida, nosso cérebro vai se construindo e reconstruindo constantemente. A isto se chama neuroplasticidade. Em função das experiências, das aprendizagens, do “uso” que se faz dele, o cérebro se transforma. Justamente por isto é indispensável alcançar uma concepção integrativa do TDAH. 

O componente biológico, hereditário, do TDAH entra nesta equação como um fator de risco, que pode levar ao aparecimento ou piora dos sintomas. Ao mesmo tempo, há fatores de proteção, tanto pessoais quanto situacionais e ambientais. 

Como um exemplo, imagine uma criança que tenha forte hereditariedade para TDAH (fator de risco), que ao mesmo tempo seja dotada de inteligência superior (um fator pessoal). Ainda mais, que viva numa família super-estruturada. Este é um bom exemplo em que os prejuízos, mesmo quando existam, poderão ser minimizados pelos fatores de proteção. Quando há fatores que possam compensar a intensidade dos sintomas, estes tendem a se apresentar de maneira mais leve.

Alcançando melhores resultados combinando tratamentos

A respeito dos psicoestimulantes, vale a pena abrir a cabeça para o fato deles poderem, sim, trazer ganhos importantes. São aliados importantes ao compor um conjunto de ações de tratamento, porém com uso minimizado ou eliminado no longo prazo. 

Quer dizer, é possível usufruir dos benefícios de curto prazo que remédios psicoestimulantes podem trazer (sua taxa de respostas positivas fica em torno de 60-70% dos casos), ao mesmo tempo que se trabalha em paralelo para conseguir os efeitos duradouros, de longo prazo.

Muito importante mencionar os efeitos positivos da suplementação nutricional, para dar ao corpo e ao cérebro os micro-nutrientes que ele precisa para ter seu funcionamento otimizado, incluindo os aminoácidos necessários para que os neurotransmissores (incluindo a dopamina, noradrenalina e serotonina) possam ser metabolizados. 

Neste ponto, entra em cena a aprendizagem – recondicionamento cerebral e comportamental – ao lado das mudanças estruturais e do ambiente de convivência e as mudanças no estilo de vida. De acordo com pesquisadores e especialistas americanos, que já acumularam grande conhecimento nesta área: Pills don´t teach skills – Pílulas não ensinam habilidades. Sobretudo, quando as habilidades florescem, mingua a preocupação com TDAH tem cura ou não.

A aprendizagem de estratégias compensatórias é essencial para a superação de longo prazo. Similar situação é encontrada em dificuldades de aprendizagem. Alguém com um transtorno de aprendizagem, como dislexia, poderá sim aprender a leitura e escrita de forma satisfatória. Apenas precisará descobrir os caminhos, as estratégias necessárias. O mesmo ocorre com TDAH. Por isto importa pouco se TDAH tem cura ou não.

É necessário criar estratégias para melhorar o funcionamento cerebral. A boa notícia é tratar-se de uma possibilidade real, acessível à qualquer pessoa. Seja por técnicas de auto-monitoramento e auto-controle desenvolvidas através de terapia, seja por ginástica cerebral. Enfim, implementando novos hábitos pessoais, familiares, mudando o estilo de vida. 

Pois, mesmo para hábitos arraigados e difíceis de mudar, as terapias comportamentais são muito eficazes. Afinal, ninguém gosta de viver em meio à bagunça e desorganização, sempre atrasado, assombrado por adiamentos crônicos e promessas que nunca se realizam.

Sobretudo importante reforçar a importância da medicação, independente de seus efeitos serem limitados no curto prazo. Porque isto jamais significa que ela não deva ser usada como parte de um plano de tratamento. Claro, desde que corretamente indicada e prescrita por um médico.

Buscar objetivos de longo prazo, sem esquecer o alívio de curto prazo

Até o momento, não podemos interferir em larga escala sobre os fatores genéticos ou congênitos. Eventualmente, chegaremos algum dia ao ponto em que a engenharia genética nos permita tal conquista.

Até lá, nesta dimensão orgânica, não poderemos realmente falar em “cura” do TDAH. Apesar disto, o trabalho direcionado a maximizar os fatores de proteção e seu potencial de compensação dos déficits estão, sim, ao nosso alcance. E mais, ganhos em termos de aprendizagem não se perdem.

A saber, o ponto principal é encarar o tratamento do TDAH sob uma ótica dupla. Por um lado, buscar o máximo de alívio de curto dos sintomas. Por outro, atentar para a necessidade de longo prazo de desenvolver novas competências, habilidades e comportamentos. Ou seja, focar no presente e também no futuro.

Para melhores resultados, os tratamentos devem levar em conta os desafios e necessidades específicas do caso, aliando formas de educação, treinamentos e terapias, eventualmente em conjunto com medicação. Considerar apenas o fator orgânico – cerebral – é uma das maiores causas de frustração com o tratamento, com risco de levar até mesmo à desistência. 

Finalizando, espero que esta concepção de tratamentos integrativos e multi-modalidades possa aliviar a angústia de se pensar se TDAH tem cura ou não. Realmente, pode não ter. Porém não impedirá você de viver bem, ser feliz e realizado.

SOBRE A AUTORA

Psicoterapeuta e Coach Comportamental
Diretora do IPDA – Instituto Paulista de Déficit de Atenção

CRP 06/61710

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