Por Cacilda Amorim - Atualizado 29/01/2022 - Publicado 21/11/2006

Por Cacilda Amorim

Atualizado 29/01/2022 - Publicado 21/11/2006

Autocontrole é um sinal de maturidade. A capacidade de pensar antes de fazer, equilibrar as emoções, se colocar no lugar do outro. Contudo, transtornos psíquicos como TDAH e ansiedade podem prejudicar o desenvolvimento normal das Funções Executivas, que estão na base da capacidade de autocontrole.

Auto-controle, desenvolvimento infantil e amadurecimento cerebral

Auto-controle e TDAH

Desenvolver autocontrole, assim como tolerância à frustração são dois dos maiores desafios do nosso processo de amadurecimento. Acima de tudo, autocontrole é a base da vida em sociedade. Em outras palavras, a capacidade de autocontrole é a linha que separa a humanidade da animalidade.

Somos adultos completos quando vencemos estes desafios. Sem dúvida, todos temos dificuldade com autocontrole e tolerância à frustração, em um momento ou outro. Por certo, qualquer um já passou por um dia de fúria ou perdeu a cabeça. Só que, para quem sofre com TDAH, estas dificuldades são constantes. 

Criança distraída, hiperativa, impulsiva? E agora, será que é TDAH Infantil?

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Conseguir segurar a impulsividade, capacidade de esperar, pensar antes de fazer. Ou então deixar para depois alguma coisa que se quer muito são essenciais para auto-controle.

Desenvolvemos estas capacidades conforme crescemos, passando pela infância e adolescência. Definitivamente, não nascemos com estas competências. Em contraste com respirar, enxergar ou escutar, autocontrole vai se fortalecendo com o tempo. Ele se forma da massa complexa de interações com as pessoas, como resultado das consequências diretas de tudo o que nos acontece.

Bem no início, existe apenas a criança e seu cérebro em desenvolvimento. Neste ponto, as áreas que futuramente modularão os impulsos não estão formadas. Certamente existe o potencial, contudo ainda não entrou em ação o motor da transformação: as limitações, demandas e exigências do mundo externo. 

Será nesta complexa dinâmica entre a estrutura cerebral, a personalidade individual e as circunstâncias específicas que se dará o amadurecimento. Por analogia com uma planta, a semente dependerá de nutrientes do solo para florescer.

Hábitos, regras e limites: Onde a auto-regulação é moldada

Antes que possa se auto-controlar, a criança precisará experimentar regras e limites. Isto começa bem cedo na vida. No momento em que, pela primeira vez, ela precisa esperar, se segurar. Pois a mamadeira não vem sempre que ela chora (mas virá adiante). Com o tempo, não será aceitável fazer xixi no chão da sala – precisará segurar e correr até o banheiro.

Dia após dia, a criança começa a aprender que não dá para ter nem fazer tudo o que quer, na hora que se quer. Inevitáveis frustrações, desconfortos, choros se seguirão… Como resultado, a criança aprender com o tempo que, se não pode agora, poderá depois. Se não é atendida imediatamente, tudo bem se segurar, esperar um pouco. Esta aprendizagem é primordial para o desenvolvimento infantil seguir de maneira saudável. 

Com efeito, o papel que o ambiente ao redor exerce (note que os pais são a parte mais importante do ambiente dos filhos) é fundamental. Como resultado, ela vai pouco a pouco aprendendo, tornando-se capaz. De se segurar, esperar, perceber o momento adequado para uma ou outra forma de se expressar. 

Só para exemplificar, imaginemos uma criança na escola, que é empurrada com frequência por um mesmo coleguinha. Ser empurrada é uma agressão, que tende a evocar a mesma atitude – empurrar de volta. Contudo, mesmo que a criança empurrada esteja certa, apenas agindo para se defender, este comportamento é normalmente repreendido na escola, pelas professoras ou assistentes.

É comum encontrar crianças que somente revidam quando não há nenhum adulto olhando – ou seja, são capazes de controlar o impulso e esperar um momento em que não serão punidas, mesmo se estiver “morrendo” de raiva.

Autocontrole é prejudicado no TDAH

Em contrapartida, a criança com TDAH tende a reagir de forma automática e impulsiva, caso seja agredida. O substrato orgânico típico do TDAH – Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade / Impulsividade é marcado por alterações nas áreas e funções responsáveis pela auto-regulação, a saber as Funções Executivas.

No TDAH, os mecanismos de “freio comportamental” usualmente estão menos desenvolvidos, se comparados a pessoas de idade similar. Como resultado, se nota forte sensibilidade ao momento presente, bem como menor sensibilidade a tudo que esteja mais adiante no tempo. 

Por isso a criança não liga para a bronca. Não pensa antes de fazer. Para ela, a imersão no presente é extremamente intensa. Justamente porque as críticas ou punições estão fora do radar, aumenta então a probabilidade de reagir sem pensar. 

Além disso, como a reação é usualmente imediata, independente de quem estiver por perto, por fim acabará sendo “pega” em situações recorrentes – seja de agressividade ou transgressão. Ao final, encontramos o triste cenário no qual, anos adiante, temos um adulto rotulado de impulsivo, inconsequente, agressivo, imaturo ou egoísta.

SOBRE A AUTORA

Psicoterapeuta e Coach Comportamental
Diretora do IPDA – Instituto Paulista de Déficit de Atenção

CRP 06/61710

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